Novos horizontes para a educação
Cecília Lemos Em breve, a chegada do novo coronavírus no Brasil completará um ano e já é possível olhar para trás em busca dos principais ...
“O horizonte me pede pra ir tão longe
Será que eu vou?
Ninguém tentou
Se as ondas se abrirem pra mim de verdade
Com o vento eu vou
Se eu for não sei ao certo quão longe eu vou”
Moana. Em 2016, esse filme foi lançado e mal sabia eu que seria um sinal de que meu futuro seria diferente do que jamais imaginei. Comecei a estudar inglês aos 12 anos. Era um sonho e fruto do sacrifício de meus pais, que sempre acreditaram em mim e nas possibilidades que eu poderia alcançar e realizar. Naquela época, mais de 30 anos atrás, não havia internet e todos os áudios vinham de fitas cassete. Imagina! Não havia a ideia de integração sala de aula e conhecimento real. Tudo o que eu aprendia vinha de livros e do trabalho incessante dos professores. Aos 17 anos, comecei a ensinar inglês na escola em que estudei. O método era o comunicativo e focava em trazer, para a sala de aula, situações das mais reais possíveis. Enquanto ensinava, aprendia. Aprendia a língua e aprendia a ensinar; aprendia com meus colegas, meus professores – que se tornaram meus colegas – e meus alunos. O aprendizado da língua inglesa nunca deixou de pulsar em mim. Era o chamado para ir além dos limites da ilha e me jogar no oceano.
Durante minha jornada de aprendente da língua, fiz vários testes internacionais. Do FCE – hoje B2 – até o CPE, passando pelo TOEFL e IELTS, bem como o teste de proficiência da Universidade de Michigan. A cada teste, uma nova conquista e uma nova certeza de que meus passos em inglês estavam mais firmes. Os testes de proficiência me davam a certeza de que meu aprendizado estava se sedimentando e de que o meu ser se apropriava da língua inglesa. Essa certeza me deu coragem para seguir mais adiante e tentar ir mais longe. Tentar descobrir quão longe o inglês poderia me levar.
O horizonte convidava a me aventurar. Em 2016, descobri que a Austrália estava precisando de professores de inglês. Com formação em Letras e experiência em cenários de ensino de inglês, como curso de línguas e escola regular, decidi ver onde esse barco poderia me levar. O processo levou quase dois anos. Tive minha formação acadêmica no Brasil reconhecida, na Austrália, por órgãos de competência pedagógica, para a função do magistério. Fazer o IELTS acadêmico era um requisito primordial, pois qualificava meu nível de inglês como apropriado para a função em terras de cangurus, coalas e aborígenes. Depois que passei no teste com a nota requisitada e tive minha formação reconhecida, o estado de Nova Gales do Sul afirmou que patrocinaria meu visto, pois precisava de professores. No final de 2017, eu e minha família recebemos o visto de residentes permanentes. Mudamo-nos para Sydney no início de 2018. De lá para cá, eu e meus filhos fizemos alguns testes de proficiência para fazer cursos universitários e mestrado. Os testes sempre nos qualificaram e abriram portas por aqui. A Austrália é um país multicultural, formado em grande parte por imigrantes. Podemos ouvir vários sotaques em inglês quando andamos pelas ruas, ou pegamos o trem, por exemplo. Todos falando a língua global, não importa a área em que atuam: psicólogos, professores, engenheiros, cabelereiros, motoristas… Uma terra de muitos sotaques e uma única língua para a comunicação. Hoje, meus filhos estudam e trabalham, e eu dou aulas de inglês em escolas. Eu nunca havia morado fora. Essa é a minha primeira vez. Estamos aqui há três anos.
Quando olho para trás, para a menina de 12 anos que começou timidamente a estudar inglês, eu penso nos meus pais e no quanto a decisão de me apoiar foi acertada. O inglês me trouxe onde estou. Os testes de proficiência foram as chaves que abriram as portas. Nas muitas reuniões de despedidas no Brasil, no final de 2017, a trilha sonora de Moana sempre tocava. Era só a certeza de que a menina de terras tupiniquins estava partindo para explorar novos oceanos, descobrir novas terras, conhecer novas pessoas e viver a globalização. As ondas se abriram para mim de verdade, e olha quão longe eu vim?! Obrigada, Pai e Mãe. Vocês me ajudaram a mudar minha vida e dos meus filhos e meus netos, e gerações por vir. Gratidão!
Extra!
Você já ouviu a trilha sonora de Moana? Já assistiu ao filme? Que tal fazer um programinha de final de semana?